quinta-feira, outubro 29, 2009
Uma das coisas positivas do festival de banda-desenhada da Amadora (agora, Amadora BD) é a possibilidade de sempre se encontrar obras que habitualmente não figuram nas bancas das livrarias em Portugal. Adquiri um desses achados no passado sábado: uma edição comemorativa dos 50 anos de El Eternauta, com a versão integral de Héctor Oesterheld e Francisco Solano López, pela editora Norma Editorial. Apesar da homenagem a Oesterheld (que contará com a presença dos seus netos), confesso que não esperava encontrar esta edição de El Eternauta - até porque, recentemente, o destaque tem ido para a publicação de La Vida de El Che, que se pode encontrar no certame nas línguas portuguesa (do Brasil), francesa e espanhola. El Eternauta narra a história de um grupo de amigos que, uma noite, se encontra a jogar às cartas na casa de um deles, em Buenos Aires. Subitamente, começa a cair uma espécie de neve que mata todas as pessoas cuja pele é tocada pelos flocos que caem do céu. Perante a incerteza sobre o que está a acontecer, os amigos irão traçar um plano de sobrevivência, sempre com um pensamento presente nas suas mentes: havendo mais sobreviventes, estes poderão ser inimigos, uma vez que não existindo já ordem social ou autoridade, aplica-se a lei da selva - matar ou ser morto!Lidas as primeiras 81 páginas (de um total de 366), posso dizer que a narrativa é empolgante e bem estruturada. Oesterheld parece apostar mais nos dramas e dilemas das personagens, do que em acção frenética - o que só beneficia a obra, uma vez que se torna fácil ao leitor identificar-se com as personagens e com a acção. A arte de Solano López é sóbria e bem delineada, fazendo um bom uso do alto contraste. Veremos como será o resto deste clássico da ficção científica argentina.De referir ainda que a edição da Norma Editorial é a preto e branco no interior, com capa dura colorida. Apesar da edição estar em língua espanhola (na variedade argentina), facilmente um falante de português conseguirá ler a história e acompanhar os eventos. Termino com uma citação da introdução, escrita por Carlos Trillo, que mostra bem a importância de El Eternauta na cultura argentina:Es, incluso, la única historieta que formó parte de La Biblioteca Argentina, Serie Clásicos, la colección de literatura nacional que sacó Clarín en el año 2000, con cifras de venta sorprendentes. Y el único relato gráfico que es comprado por el Ministerio de Educación argentino para que no falte en las escuelas ni en las bibliotecas populares.(in Héctor G. Oesterheld e Francisco Solano López - El Eternauta. Edición Especial 50 Aniversario. Norma Editorial, 2008)
3 Comentários:
Uma obra admirável e um personagem marcante da BD argentina. Depois do seqüestro de Oesterheld, outros roteiristas utilizariam a Juan Salvo em suas histórias, por exemplo, Ricardo Barreiro em Cidade e Parque Chas.
Existem videos no youtube com imagens das melhores versões do Eternauta.
Do melhor que já li e vi(e faz já muito, muito tempo!). De fazer corar muitos dos supostos génios, savants, argumentistas.
É bom saber que está disponível no FIBDA; vou ver se ainda saco um.
Ismael, já tinha ouvido falar de sequelas do Eternauta. A ver se, quando acabar de ler esta versão, lhes dou uma olhedela. Obrigado pela dica do Youtube.
refemdabd, encontrei a obra na banca da Dr. Kartoon. Comprei o último exemplar que eles tinham (sorte a minha!), mas eles disseram que irão chegar mais dois, pelo menos.
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