terça-feira, agosto 11, 2009
Hoje em dia, é algo raro eu ser surpreendido por um comic. Mas há coisa de duas semanas, quando decidi ler este só porque vi o título associado a uma boa crítica (nem sequer li a crítica, por isso só sabia mesmo que era positiva, mais nada), foi precisamente o que aconteceu.
O inicio da história é mais ou menos o que eu esperava. Mais um conto onde os brinquedos ganham vida quando ninguém os vê, a personalidade deles é mais ou menos aquela que esperamos de cada brinquedo em particular, etc.. Nada de muito original.
A história começa quando, em 1944, um rapaz é raptado da sua cama por um monstro saído da escuridão do seu armário. Esse monstro, é-nos dito, é o Boogeyman, o mítico Papão. E os valentes brinquedos, acompanhados pelo fiel cachorro, decidem aventurar-se no Escuro para salvar o seu dono.
E aqui a coisa começa a tomar contornos diferentes do esperado. Para já, a arte, cujo estilo pareceria em princípio mais adequado a ilustrações de livros infantis, é neste caso usada sequencialmente de forma irrepreensível.
Para além disso, o tom da história, e mesmo a caracterização dos personagens, depressa se revelam mais negros do que seria previsível. Os brinquedos têm as personalidades que associariamos a cada um, sim, mas com isso vem também o lado negro dessas personalidades, algo não muitas vezes explorado. Não vou estragar as surpresas, mas digo só que há um traidor no grupo, por uma razão perfeitamente lógica, e que nem todos os brinquedos decidem aventurar-se a salvar o dono.
Ao entrarem no Escuro, os brinquedos deixam de ter o aspecto habitual, e transformam-se em versões de si próprios em carne e osso, e caem imediatamente num cenário de guerra, em que os exércitos do Papão, compostos por brinquedos rejeitados, se envolvem numa batalha sangrenta com os nossos protagonistas.
E não vou contar mais da história. Basta dizer que para lá do lado fantástico da história, há um lado bem mais sério e pesado, e que a data escolhida permite estabelecer paralelos com acontecimentos simultâneos no Mundo Real.
Valeria a pena ler este comic nem que fosse só para mostrar como nem sempre é a originalidade do conceito de base que interessa, mas sim a maneira como esse conceito é usado.
Mas felizmente, o comic transcende esse tipo de considerações. Vale a pena lê-lo, sim. Mas porque é realmente bom.
5 Comentários:
Já li no Newsrama as primeiras 20 páginas e suscita muito a curiosidade para o que vai suceder a seguir. Adorei a arte!
Parabéns Luís!!
A melhor maneira de avaliar uma crónica, é ver o efeito provocado no leitor, no final da leitura da mesma.
Pois bem, deixaste-me cheio de vontade de procurar por este livro e lê-lo :)
Um abraço.
Vou ler isso e depois digo qualquer coisa. :) Obrigado pela dica.
Também me deixaste cheio de vontade de ler.
Tenho que procurar este livro no Book Depository.
(sem querer parecer muita self promotion) Acho que vais gostar de uma cena que li.
http://limited0edition.blogspot.com/2009/08/review-i-kill-giants.html?showComment=1250607470133#c5849069169425304505
Acredita que vais ficar surpreendido por este.
fica bem
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